Hygiène Neymar Virage PSG

Uma apologia do
estilo de vida do Neymar

par

Há alguns anos o campeonato francês tem no sul do país um jogador com cortes de cabelo ridículos, bundudo e com nome de humorista. Ele não é muito engraçado, tem barriga maior que a do Jean-Michel Moutier em 1985, é mais devagar do que o Evra numa crônica do Cazarre (humorista francês torcedor do PSG)
E mesmo assim, nos enchem o saco com o « o estilo de vida » do Neymar.

Acabamos de enterrar o Santo Diego e o absolvemos de todos seus pecados e excessos, o transformando em “D10S” (Deus); admitimos que estes pecados nunca deveriam nos ter impedido, de reconhecer a sua genialidade e beneficiar da sua luz nos dias de chuva. Mas a gente deveria culpar o Neymar, um dos seus mais belos herdeiros, por “não ter um estilo de vida compatível com o alto nível”. Porra!

Eu, torcedor, não estou nem aí pelo fato dele ter ou não “um estilo de vida compatível com o alto nível”. Estou com outras ambições para ele! Estas são considerações para um Bertrand Latour, um arrogante que gosta de bancar o metido do lado de pessoas idosas, ou do Dorian Gris da imprensa televisiva. Eu não sou contador do valor Grana/Performance do Neymar. Os que gritam contra ele também não.

Mais do que os momentos de queda na performance física dele, deveríamos contabilizar os seus dribles, os seus passes milagrosos, as suas cobranças de falta e os seus gols. Vocês vão ver, mesmo por 3 milhões por mês, a gente não está perdendo. Estamos levando vantagem, e muita.

Os que acusam o Neymar de não estar em boas condições físicas me lembram os que estão a favor da assistência de vídeo para a arbitragem. Somente tinham um argumento: O desafio financeiro. No caso do Neymar, o que irrita é obviamente o seu salário. Como se fossem eles, que nem podem ir mais para o estádio, que estivessem pagando. Nem estou falando dos “jornalistas” que além disso vivem obviamente graças a ele correndo atrás de clics porque sem ele não teriam quem os lessem.

O futebol é feito de incertezas, dúvidas e erros de arbitragem do mesmo jeito que o Neymar pode ter alguns quilos a mais, fazer algumas preparações físicas com ressaca e ter sono atrasado.

Ele não é pago para estar sempre na melhor forma e viver como um monge. Compramos o Neymar para vê-lo criar, subjugar, entusiasmar, maravilhar. Bater palmas para ele. Gritar o seu nome depois de fazer gol ou cantar depois de uma infiltrada no campo adversário. E comentamos novamente, no metrô, ainda sob o encanto, no caminho de volta para casa.

Eu cresci num mundo onde se admirava um Romário quando chegava no treino logo depois de sair da discoteca. E gosto do fato do Marco Verratti fumar.

Hygiène Neymar Virage PSG
« Eu acho perfeito o estilo de vida dele! » © Icon Sport

Quando o Neymar, errático e acabado fisicamente desde o 60o minuto, decide na 89o roubar a bola mal dada pela defesa do Manchester, e a 80 metros do gol tira de cena com um rebolado 3 jogadores, passa para o Mbappé e continua a jogada para se apresentar como uma opção de passe traseiro do Rafinha, concluindo esta pintura com um gol, eu acho perfeito o estilo de vida dele!

Há um ditado que diz que quando se trata de amor, só há provas de amor. Com o Neymar não é diferente: há que amá-lo e provar este amor para ele. Aceitando-o, entendendo como ele é. Do jeito atual. Em obra. Em construção. Em pedaços se precisar. Algumas provas do seu amor pelo futebol – e do nosso pela mesma ocasião – são mais fortes do que ele próprio, e ele as dá assim que joga. A partir do momento que ele toca a bola, o amor pelo jogo, o “jogo bonito”, o gesto esplêndido iluminam o estádio e os nossos olhos de espectadores.

Dentro dos nossos estádios, vazios por causa do COVID, o Neymar está sentindo muito a falta do torcedor. Quando ele faz gol, celebra na frente das arquibancadas vazias e mudas e parece com alguém jogando “Imagem & Ação”.

« La, La, La, La, La, La, La, La…
La, La, La, La, La, La, La, La…
Neymaaaaar, Neymaar…
Neymaaaaar, Neymaar… »

Nos deixar sonhando, é tudo o que ele nos deve – além da Champions, claro. Ele cumpre. Não todos os dias. A gente não ia aguentar. Ele também não. Os melhores artistas de jazz usavam drogas para encontrar novamente as contingências e as dimensões da condição humana para a qual eles escapavam pelo seu gênio. O Neymar passa o tempo dele “esnapando”, ‘instagramando”, festejando, se exibindo dançando feito maluco, se mexendo no palco perto de um artista brasileiro… para voltar a ser como nós.

O Neymar está certo em viver como ele vive. Há que separar o homem de sua obra agora. Estamos maduros o suficiente para isto.

Um Stradivarius tem que ser protegido. Primeiramente dos golpes. Dados dez, vinte vezes por partida por um destes raivosos caipiras cheios de rancor.

Talvez o Paredes deveria sistematicamente dar uma voadora , de cara, mal comece o jogo, no adversário que marca o Ney. (Desculpem-me porém se os zagueiros tem direito de bater nele somente porque ele os dribla, isto abre novas perspectivas).

Qual é o escândalo: Que o Neymar exagere um pouco e provoque ou que os zagueiros dêem tanta porrada nele? Para os técnicos adversários e quase a integralidade dos comentaristas tem-se que entender, perdoar e quase vangloriar os babacas meio burros porque eles não aceitam ser enganados pelo nosso artista. Ele provoca, isto dá o direito a eles de se comportar como porcos? Ele tem um jogo malicioso, o drible humilhante, o passe insolente e o olhar orgulhoso: culpado. Pascal Dupraz, nova Madame Michu.

O que é proibido é dar porrada, não provocá-las. Não seria útil lembrar isto também, como uma presunção de inocência para o Neymar? É muito fácil agora: o que vale um amarelo com outro vale somente uma falta com ele. Qualquer zagueiro da província sabe entrar na brecha: fogo! O amarelo somente sai na terceira ou na quarta vez no melhor dos casos. E depois você ainda ouve os miseráveis caras de pau atrás do microfone. Se ele se machucar feio, é culpa dele!

Hygiène Neymar Virage PSG
« Espero de todo meu coração que o Neymar nunca vai mudar. » © Icon Sport

O que esta acabando com o espírito do esporte são os alemães e os austríacos que são cumplices contra a Argélia em 1982; um juiz que, pouco importa sua origem, seja sempre pouco ou muito a favor do Real ou do Barcelona, a morte programada de uma mágica Copa da França que passa em todas as ondas menos as do serviço público; a assistência de vídeo que leva 5 minutos para não decidir nada… Não um número 10 que dribla e ri muito. Nem no regulamento nem no espírito do futebol está escrito que ridicularizar o seu adversário é uma falta. Para um número 10 parisiense é mais que um direito: Um dever.

Debater sem fim sobre sua condição física, seu estilo vida e sua impulsividade não vai mudar nada: na genialidade futebolística, na classe, na maestria, nos passes, nos dribles, nos escanteios, nas cobranças de faltas, nso pênaltis e nos gols, Neymar tem um nível entre os mais altos. Nunca visto no Parc, palavra antiga da época do Sušić.

Desde os seus quinze anos, ele vive assim, joga assim e chegou até aí. E vocês gostariam que ele comesse somente brócolis? Para virar o quê? Um Cristiano Ronaldo? Não, obrigado! Viva os excessos do Neymar! Ele não vai jogar no Camp Nou e aí? Nem a primeira nem a ultima bofetada. De príncipe parisiense ele tem também o lado maldito. Mas no ano passado, sem ele no Final 8, aonde a gente teria terminado?

E se preparem: No jogo de volta, mesmo com 40% de capacidade somente, ele vai entrar. E neste momento… Estou doido para voltar no Parc para vê-lo jogar. Espero de todo meu coração que o Neymar nunca vai mudar.

Traduction : Julien Bonnardel et Nicolas Polly


Gregory Protche

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